sexta-feira, 30 de julho de 2010

Em busca do quê? Um olhar gestáltico sobre a psicose


Tamara Emerim Guerra

Marcele de Freitas Emerim

Para a Gestalt-terapia, todas as nossas formas de estar no mundo são chamadas de ajustamento - é como nós nos ajustamos frente às situações que a vida nos apresenta. Sendo assim, pode-se dizer que, quando falamos de psicose – o que a literatura psicológica/psiquiátrica geralmente considera uma psicopatologia ou uma estrutura, estamos falando de um ajustamento dentre outros vários possíveis pelos quais podemos transitar. Acreditamos que, na chamada psicose, haja uma busca, de forma que preferimos chamar esse modo de estar no mundo de ajustamento de busca.

Imagine que, em determinada situação, não tenhamos, por algum motivo, como responder às demandas que nos são endereçadas - seja porque as sensações e sentimentos são tão diferentes e contraditórios que não conseguimos escolher apenas um, ou porque não conhecemos ou entendemos o que está sendo pedido. O que fazemos, então? Começamos a buscar nos dados materiais elementos que nos organizem ou preencham o que nos falta.

Um delírio, uma música que ouvimos ou, ainda, um filme que vemos e revemos e não sabemos o porquê (mas sabemos que vai além do simples entretenimento) pode estar exercendo a função de organizar sentimentos e sensações que se apresentam desorganizados. Uma alucinação (quando, por exemplo, sentimos um cheiro que não está lá, ouvimos um celular que não está tocando ou o nosso nome sem que ninguém esteja nos chamando) pode estar preenchendo o que nos falta para sermos capazes de responder ao que a situação está pedindo, às demandas que o meio nos impõem.

Mas, o que acontece se, de algum modo, essa forma de se ajustar a determinadas situações não for respeitada e acolhida? O despimento de toda a possibilidade de criação pode levar à falência do ajustamento de busca resultando em um surto. Não é a presença de delírio ou alucinação que configura um surto, ele acontece quando os ajustamentos de busca não podem mais ser feitos, quando a possibilidade de se ajustar dessa forma é retirada.

As formas de estarmos no mundo, de nos relacionarmos com as pessoas à nossa volta, são os ajustamentos que damos conta de fazer a cada situação – e desejamos ser aceitos e respeitados como somos.


Vamos continuar essa discussão?

Esperamos você no dia 04 de agosto (quarta-feira) às 19h no Instituto Müller-Granzotto.

Al. Gov. Heriberto Hülse, 98- Centro – Florianópolis SC

Inscrições e informações: Tel. (48) 3322 2122 www.mullergranzotto.com.br

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