segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Um lugar além da doença: Gestalt-oncologia

Maria Balbina Gappmayer
Ana Carolina Seara

As demandas que chegam ao consultório são as mais variadas possíveis. Mas, sem dúvida alguma, as mais comuns dizem respeito a dificuldades nos relacionamentos, sejam amorosos, familiares, profissionais ou outros. E, o psicoterapeuta, normalmente, só é procurado quando sentimentos como angústia e/ou ansiedade ficam insuportáveis. Mas como proceder quando, além dessas demandas, nos deparamos com situações de doenças graves, como um diagnóstico de câncer? É possível oferecer a tais consulentes “um lugar além da doença?” Estas e outras questões farão parte da discussão do Gestalt em Ato, deste mês.

É importante termos claro que não basta apenas acolher os consulentes que chegam ao consultório com diagnóstico de uma doença oncológica e que trazem demandas que envolvem risco de morte, mutilação (decorrentes de cirurgias), perda de capacidades fisiológicas básicas, mas também identificarmos que o consulente está enfrentando um quadro aflitivo.

Se considerarmos o início do tratamento, a fase em que se recebe o diagnóstico, podemos identificar um ajustamento aflitivo (ético-político), uma vez que o consulente lida com uma situação para a qual não possui dados. Não existe um fundo acessível para que possa encontrar formas possíveis para lidar com a nova situação. Para que o terapeuta, no entanto, possa trabalhar com essa demanda; em primeiro lugar, precisa ter claro qual é a sua forma pessoal de lidar com tais questões, pois, em um trabalho psicoterapêutico com consulentes em tratamento oncológico, essas perdas e ressignificações estarão presentes ao longo de todo o processo.

É, a partir da experiência no Projeto Gestalt-oncologia, desenvolvido pelos profissionais do Instituto Müller-Granzotto, e do referencial teórico sobre os ajustamentos na clínica gestáltica, que o Gestalt em Ato de outubro se propõe a discutir, e você é nosso convidado para conhecer esse olhar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário