Carolina Koneski
Maria Teresa Mandelli
Desde muito pequenos somos arrematados por desejos e demandas advindas do primeiro
contexto social no qual somos inseridos - a família, que escolhemos chamar de
sistema íntimo.
Segundo Oaklnader (1992), a família é o primeiro contexto do qual a
criança faz parte, sendo o mais relevante nos seus primeiros anos de vida pelo
forte vínculo de dependência entre a criança e a família e pela presença
intensa do processo de assimilação no início da vida. Dessa forma, ao pensarmos
a Clínica infanto-juvenil, ao recebermos uma criança ou adolescente em nosso
consultório, precisamos ficar atentos aos pedidos, quem pede o quê? Para que
está servindo esse comportamento da criança nessa família? De que forma a família
se beneficia desse tipo de comportamento? O que pode acontecer se a criança
ajustar-se de forma diferente?
Importante pensar a partir
de uma concepção da auto-regulação familiar, para compreendermos a forma como a
criança se apresenta; isso pode nos levar a perceber a forma relacional da
criança e qual a sua função no sistema íntimo. Por exemplo, a criança
que dorme com os pais ou a criança que não consegue ‘suportar’ a ausência da mãe.
O que esses pais, de fato, não suportam? O que pode estar orientando essa
dependência? Quem torna-se dependente?
Se, em nossa compreensão clínica, a família é entendida como um todo
relacional corresponsável por aquilo que se manifesta a partir de sintomas, o
trabalho clínico faz-se necessário em conjunto. Tal intervenção fundamenta-se
na seguinte articulação,
“Os distúrbios estão no campo; é verdade que eles derivam dos
“conflitos internos” dos pais, e resultarão, posteriormente, em conflitos
introjetados no filho ou filha à medida que estes se tornam independentes. Porém
sua essência na relação sentida e perturbada é irredutível as partes. Desse
modo, a criança e os pais têm de ser considerados juntamente”. (P.H.G,1997,
p.161).
Enfim, é nesta vivência de
campo, que o clínico poderá ser arrebatado pela forma familiar e, através disso,
encontrar um lugar para aquilo que é estranho e comumente está alienado da
responsabilidade familiar.
Venha participar essa discussão no próximo Gestalt em Ato, dia 02 de outubro de 2012, às 19hs, no Instituto Müller-Granzotto (centro) para o úlltimo trabalho desse ano!!
Referências:
Oaklander, V. Descobrindo crianças: a abordagem gestáltica com crianças e adolescentes. São Paulo: Summus, 1980.
Perls, F. S.; Hefferleine, R.; Goodman, P. Gestalt-Terapia. São Paulo, Summus, 1997
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