sábado, 28 de abril de 2012

A cegueira do terapeuta: o que você não está vendo?


Ana Carolina Seara
Maria Balbina Gappmayer 

Em 2008, o diretor Fernando Meirelles lançou o filme Ensaio sobre a cegueira, baseado no livro de mesmo nome, do escritor português José Saramago. Nessa obra, uma cidade inteira é acometida por uma epidemia de cegueira com características muito peculiares, é uma cegueira na qual as pessoas passam a enxergar tudo branco, e apenas uma pessoa não é afetada e mantém a visão.  O drama revela a luta pela sobrevivência de um grupo de pessoas que, como a maioria dos demais, fica cego e se vê reduzido a seres humanos tentando dar conta de suas necessidades básicas e expondo seus instintos mais primitivos. Esse grupo em particular mostra o resgate da humanidade perdida e nos faz pensar sobre a função do olhar do semelhante como forma viver em sociedade e da responsabilidade daqueles que podem ver. Essa obra é um bela metáfora sobre a visão, ou a percepção das coisas, e nos faz questionar sobre o que estamos deixando de ver, o resgate de uma lucidez num tempo em que tudo parece tão acessível e explícito.

Neste sentido, no campo da psicologia clínica, poderíamos levantar alguns questionamentos: o que poderia ser considerado cegueira do terapeuta? Onde o terapeuta se permite cegar? Qual seu ponto cego? Existiria alguma cegueira terapêutica? O terapeuta é seu próprio instrumento de trabalho, é através de seu corpo que ele percebe o consulente e, a partir de seus sentidos, que ele pode realizar um trabalho terapêutico.  Não pretendemos tratar aqui da cegueira enquanto  falta da visão propriamente dita, mas do sentido metafórico de não ver. E, para isso, nada melhor do que partirmos do corpo e utilizar como representante da percepção o sentido da visão. Afinal, no uso coloquial, atribuímos à visão a percepção sobre as coisas.

Nosso objetivo, no Gestalt em Ato de maio, é o de abrirmos um espaço para levantar questionamentos e desenvolver uma maior percepção sobre nosso corpo e sobre o uso que fazemos dele enquanto clínicos e também nas nossas relações cotidianas.

Participe conosco dessa discussão e viagem pelos nossos sentidos no próximo Gestalt em Ato, dia 8 de maio de 2012, às 14h30 (novo horário)!



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